As práticas produtivas e alimentares no espaço rural do Oeste de Santa Catarina: A ação pública na busca e na crítica à modernidade

A região do Oeste de Santa Catarina se integrou à “modernização da agropecuária” a partir da década de 1950, por meio da agroindustrialização de alimentos, tendo como protagonistas o Estado, a sociedade civil e o mercado, que atuaram nos níveis nacional, estadual e municipal. Baseado na sociologia da ação pública, o objetivo deste artigo consiste em verificar como as políticas públicas promoveram amodernidade e como ações e políticas públicas mais recentes reforçam ou delineiam novos padrões e trajetórias de desenvolvimento rural e influenciam práticas produtivas e alimentares. A coleta de dados associou revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Em 2018, foram realizados dois grupos focais, 13 entrevistas semiestruturadas com gestores públicos e mediadores de sete organizações atuantes na região, e foram aplicados 49 questionários em domicílios rurais localizados em Chapecó e nove municípios vizinhos. Os resultados da pesquisa indicam que a modernidade levou uma parcela significativa de agricultores familiares a produzirem menos alimentos para o autoconsumo e a consumirem mais alimentos industrializados e ultraprocessados, além de ter provocado concentração da produção, êxodo rural e poluição ambiental. Diante desses riscos e incertezas, “novas” práticas produtivas e alimentares emergiram e novos atores passaram a construir alternativas à modernidade. As “novas” estratégias produtivas consistiram na agroindustrialização de alimentos, na produção agroecológica, no resgate da biodiversidade, na criação de feiras e na manutenção da produção para o autoconsumo, apoiadas por diversas ações e políticas públicas. O mesmo Estado que produz riscos, ameaças e incertezas produtivas e alimentares, tambémcontribui para a segurança alimentar e nutricional na região.

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Bibliographic Details
Main Authors: Grisa, Catia, Tecchio, Andréia, Chechi, Andrea Leticia, Sabourin, Eric
Format: article biblioteca
Language:por
Subjects:E16 - Économie de la production, E21 - Agro-industrie, E50 - Sociologie rurale, E14 - Économie et politique du développement, secteur agro-alimentaire, système de production, sécurité alimentaire, développement rural, développement régional, agroécologie, biodiversité, agriculture durable, consommation alimentaire, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_809b6aa8, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_a175b273, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_10967, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_6701, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_6488, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_92381, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_33949, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_33561, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_3016, http://aims.fao.org/aos/agrovoc/c_1070,
Online Access:http://agritrop.cirad.fr/594979/
http://agritrop.cirad.fr/594979/1/Grisa%20et%20al%20ESA%202020%20politicas%20alimentares.pdf
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Summary:A região do Oeste de Santa Catarina se integrou à “modernização da agropecuária” a partir da década de 1950, por meio da agroindustrialização de alimentos, tendo como protagonistas o Estado, a sociedade civil e o mercado, que atuaram nos níveis nacional, estadual e municipal. Baseado na sociologia da ação pública, o objetivo deste artigo consiste em verificar como as políticas públicas promoveram amodernidade e como ações e políticas públicas mais recentes reforçam ou delineiam novos padrões e trajetórias de desenvolvimento rural e influenciam práticas produtivas e alimentares. A coleta de dados associou revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Em 2018, foram realizados dois grupos focais, 13 entrevistas semiestruturadas com gestores públicos e mediadores de sete organizações atuantes na região, e foram aplicados 49 questionários em domicílios rurais localizados em Chapecó e nove municípios vizinhos. Os resultados da pesquisa indicam que a modernidade levou uma parcela significativa de agricultores familiares a produzirem menos alimentos para o autoconsumo e a consumirem mais alimentos industrializados e ultraprocessados, além de ter provocado concentração da produção, êxodo rural e poluição ambiental. Diante desses riscos e incertezas, “novas” práticas produtivas e alimentares emergiram e novos atores passaram a construir alternativas à modernidade. As “novas” estratégias produtivas consistiram na agroindustrialização de alimentos, na produção agroecológica, no resgate da biodiversidade, na criação de feiras e na manutenção da produção para o autoconsumo, apoiadas por diversas ações e políticas públicas. O mesmo Estado que produz riscos, ameaças e incertezas produtivas e alimentares, tambémcontribui para a segurança alimentar e nutricional na região.