Dendê Familiar?: conflitos e contradições na política de produção do biodiesel
Busca-se nesse artigo analisar os impactos socioambientais decorrentes da expansão da cultura do dendê no Baixo Tocantins/Pará. A pesquisa foi realizada nos municípios de Mojú e Tailândia que juntos concentram mais de 50% da área total plantada de dendê na região. Foram entrevistadas famílias que mantêm contratos com as "empresas do dendê" nas localidades Calmaria II e Nova Paz, assim como outros atores implicados nessa relação contratual. O padrão de exploração baseado no extrativismo do açaí e da pesca e no desmatamento para a retirada da madeira e implantação de roças de mandioca, arroz, milho e feijão, coloca-se frente ao modelo de desenvolvimento calcado no agronegócio, impondo um novo arranjo produtivo, mediado pelo Estado, baseado na relação empresa-comunidade. O Governo estimula a integração da agricultura familiar ao agronegócio do dendê, através de políticas como o Pronaf Eco, o Plano Nacional de Produção e uso do Biodiesel, o selo combustível social e o Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma. Essa intervenção incide sobre o ambiente, as relações sociais, econômicas e políticas locais, mobilizam e constroem grupos de atores, constituem novas legitimidades e demandas e definem novos territórios e territorialidades. Além de preconizar a coexistência do agronegócio com a agricultura familiar, a implantação do dendê impõe um padrão homogêneo de produção tornando as famílias dependentes do pacote tecnológico, colocando-as na condição de empregadas, porém sem direitos trabalhistas.
Main Authors: | , , , |
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Format: | conference_item biblioteca |
Language: | por |
Published: |
s.n.
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Subjects: | P06 - Sources d'énergie renouvelable, E14 - Économie et politique du développement, F01 - Culture des plantes, E50 - Sociologie rurale, E80 - Économie familiale et artisanale, |
Online Access: | http://agritrop.cirad.fr/570977/ http://agritrop.cirad.fr/570977/1/document_570977.pdf |
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Summary: | Busca-se nesse artigo analisar os impactos socioambientais decorrentes da expansão da cultura do dendê no Baixo Tocantins/Pará. A pesquisa foi realizada nos municípios de Mojú e Tailândia que juntos concentram mais de 50% da área total plantada de dendê na região. Foram entrevistadas famílias que mantêm contratos com as "empresas do dendê" nas localidades Calmaria II e Nova Paz, assim como outros atores implicados nessa relação contratual. O padrão de exploração baseado no extrativismo do açaí e da pesca e no desmatamento para a retirada da madeira e implantação de roças de mandioca, arroz, milho e feijão, coloca-se frente ao modelo de desenvolvimento calcado no agronegócio, impondo um novo arranjo produtivo, mediado pelo Estado, baseado na relação empresa-comunidade. O Governo estimula a integração da agricultura familiar ao agronegócio do dendê, através de políticas como o Pronaf Eco, o Plano Nacional de Produção e uso do Biodiesel, o selo combustível social e o Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma. Essa intervenção incide sobre o ambiente, as relações sociais, econômicas e políticas locais, mobilizam e constroem grupos de atores, constituem novas legitimidades e demandas e definem novos territórios e territorialidades. Além de preconizar a coexistência do agronegócio com a agricultura familiar, a implantação do dendê impõe um padrão homogêneo de produção tornando as famílias dependentes do pacote tecnológico, colocando-as na condição de empregadas, porém sem direitos trabalhistas. |
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