Índice de alteração do carbono no solo, em conversões de uso do solo envolvendo plantações florestais no Brasil.

O uso e a mudança no uso do solo têm efeitos diretos e indiretos sobre a cobertura vegetal e, portanto, podem afetar os estoques de carbono do solo, alterando o equilíbrio entre o sequestro e as taxas de perdas de carbono. Com aproximadamente dez milhões de hectares no Brasil, as florestas plantadas representam um sumidouro de carbono importante no inventário nacional de emissões e remoções de gases de efeito estufa. Para estimativa dos estoques de carbono do setor de reflorestamento, o Brasil adota um índice de alteração de estoques de carbono do solo (IAC) de 0,673, originalmente indicado para culturas agrícolas. Esse fator penaliza os plantios florestais sugerindo que mais de 30% do carbono armazenado no solo é perdido pela conversão de uso. Muitos estudos nacionais questionam essa perda acentuada de carbono pelas florestas plantadas e, portanto, é importante mensurar o impacto das conversões de uso do solo envolvendo florestas plantadas sobre os estoques de carbono do solo, visando propor um novo índice de alteração de carbono para este setor. Para tanto, analisou-se um conjunto de 41 estudos realizados no País, que contabilizaram estoques de carbono no solo em plantios florestais, implantados após a retirada de vegetação nativa de floresta ou campo, pastagem ou agricultura. Esses estudos estão distribuídos em 41 municípios do Brasil e contemplam plantios de eucaliptos, pinus e acácia-negra. A base de dados abrangeu nove estados (RS, SC, PR, SP, ES, MG, BA, PA e MS), cuja área de florestas plantadas soma, atualmente, mais de 8,6 milhões de hectares. A análise realizada indica ganho de 11% no estoque de carbono do solo para plantios de eucalipto em áreas originalmente de um campo nativo e pastagens, e uma perda média de 13% no estoque de carbono do solo para plantios de pinus, independente do uso anterior. Baseado nesse conjunto de dados, a média do IAC do solo para plantios de pinus e eucalipto no Brasil é 0,95, indicando perdas menos intensas do que as consideradas no último inventário nacional publicado em 2016, e sugerindo a necessidade de atualização do IAC para florestas plantadas. A adoção de valores que refletem a realidade nacional quanto aos aspectos de sequestro de carbono é essencial para a confiabilidade dos dados nacionais oficiais de emissões e remoções de gases de efeito estufa, pois estes orientam a elaboração e execução das políticas públicas de controle e mitigação das mudanças climáticas, agregando melhorias contínuas às ferramentas de gestão dessas políticas, como o inventário nacional apresentado pela Comunicação Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa.

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Bibliographic Details
Main Authors: ZANATTA, J. A., BORDRON, B., HOLLER, W. A., RACHWAL, M. F. G., ROSSI, L. M. B., HIGA, R. C. V.
Other Authors: JOSILEIA ACORDI ZANATTA, CNPF; BRUNO BORDRON; WILSON ANDERSON HOLLER, CNPF; MARCOS FERNANDO GLUCK RACHWAL, CNPF; LUIZ MARCELO BRUM ROSSI, CNPF; ROSANA CLARA VICTORIA HIGA, Pesquisadora aposentada da Embrapa Florestas.
Format: Folhetos biblioteca
Language:Portugues
pt_BR
Published: 2020
Subjects:Estoque de carbono, Gases de Efeito Estufa, Plantio florestal, Floresta plantada, Efeito Estufa, Eucalyptus spp, Acácia Mearnsii,
Online Access:http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1125871
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