O seguro agrícola a partir do zoneamento de riscos climáticos.

O zoneamento agrícola atual foi reformulado a partir dos riscos climáticos que foram levantados em um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Agrícolas), de 1993, onde foi constatado que os principais eventos que causam perdas agrícolas estavam ligados à seca e à chuva excessiva. A partir desse estudo foi firmada uma parceria entre importantes instituições de pesquisas agrícolas do Brasil, que sob o comando da EMBRAPA, desenvolveram modelagens climáticas para definir quais eram as melhores datas de plantio das culturas / cultivares selecionados, visando evitar os períodos mais susceptíveis aos sinistros. É importante salientar que além do clima, outras variáveis também são indicadas pelo zoneamento agrícola por meio das portarias normativas do Ministério da Agricultura, tal como insumos químicos específicos, tipo de solo, cultivares e forma de plantio (direto ou tradicional), para definir os melhores períodos. Embora, este programa de planejamento e racionalização da agricultura tenha sido desenvolvido para sanar as deficiências do PROAGRO (Programa de Garantia da Atividade Agrícola), que é um programa público, os resultados se mostraram tão positivos, que em 2001, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) promulgou a Resolução 46/01 (alterada pela Resolução 95/02), onde todos os contratos de seguro agrícola privado no país também passaram a seguir as instruções do zoneamento agrícola oficial ou outro correspondente, já que desde a implantação do zoneamento, em 1995/96, todo contrato de crédito e seguro agrícola público teve esse vínculo e houve a redução de gastos indevidos. O zoneamento agrícola não é um sistema de total segurança, oferece garantias de 80% de êxito, mesmo assim, já há agricultores que já dispensam o seguro convencional devido à credibilidade do sistema. Esse é apenas mais um desafio que o mercado de seguros agrícolas tem que enfrentar no Brasil. Este setor sempre foi problemático, sofreu pela debilidade de suas metodologias, pela falta de informações consistentes e de recursos a serem investidos. Quanto ao último problema, a solução mais viável parece vir do mercado de CPR (cédula ao produtor rural) e quanto aos primeiros pontos, o zoneamento agrícola conseguiu de maneira suficiente organizar um conjunto de informações e dar certo respaldo às ações dos produtores, mesmo considerando que sua eficiência seria melhorada se houvesse um banco de dados históricos melhor estruturado. As tecnologias da informação, que estão inerentes ao cotidiano contemporâneo, permitem refinar a coleta, o tratamento, as tabulações e a transmissão dos dados e informações que sustentam o programa. As empresas que monitoram e administram o agronegócio, em particular as seguradoras e financiadoras agrícolas, podem se aproveitar das possibilidades que as tecnologias da informação oferecem, como, por exemplo, o monitoramento remoto das culturas, onde podem ser acompanhados o manejo e a aplicação de recursos em cada fase.

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Bibliographic Details
Main Authors: BIUDES, F., ASSAD, E. D., CASTILLO, R.
Other Authors: FABIANO BIUDES, IG/Unicamp, Estagiário CNPTIA; EDUARDO DELGADO ASSAD, CNPTIA; RICARDO CASTILLO, IG/Unicamp.
Format: Anais e Proceedings de eventos biblioteca
Language:Portugues
pt_BR
Published: 2005-07-28
Subjects:Riscos climáticos, Clima, Zoneamento Agrícola,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/9062
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