Métodos estatísticos para comparação de parâmetros associados as tabelas de vida de fertilidade.

O potencial de crescimento de populacoes de insetos e uma informacao de interesse em muitos estudos sobre dinamica populacional, manejo de pragas e avaliacao de risco de agentes de controle biologico. Na avaliacao de risco, por exemplo, e importante avaliar os possiveis efeitos de biopesticidas sobre o potencial de crescimento de populacoes de insetos nao alvo. Dados relacionados com sobrevivencia e fertilidade, utilizados para estimar o crescimento de populacoes, sao usualmente condensadas em tabelas denominadas tabelas de vida de fertilidade. As informacoes necessarias para construcao de uma tabela de vida de fertilidade sao: inicio da fase adulta e longevidade de cada femea (dias, semanas); numero de ovos postos por femea, por dia; proporcao de femeas na descendencia; porcentagem de descendentes (femeas) que sobrevivem ate a fase adulta; numero de femeas vivas a cada dia, desde o inicio da fase adulta da femea mais precoce ate a morte da ultima femea. Os principais parametros associados a tabela de vida de fertilidade sao ( Southwood, 1978): Taxa liquida de reproducao (Ro): total de descendentes femeas produzidas por femea, durante todo o periodo de oviposicao, que chegam a geracao seguinte. Taxa intrinseca de crescimento (Rm): e um parametro da curva de crescimento da populacao de femea (suposta exponencial), relacionado com a velocidade de crescimento (ou decrecimento) populacional. Intervalo medio entre geracoes (Mgt): duracao media do periodo entre o nascimento dos individuos de uma geracao e da geracao seguinte. Razao finita do crescimento ( ): fator de multiplicacao da populacao original a cada intervalo unitario de tempo. Quando se deseja comparar o potencial de crescimento de duas (ou mais) populacoes, realizam-se experimentos para obtencao dos dados utilizados na construcao de tabelas de vida. Os insetos utilizados em cada "tratamento" sao considerados uma amostra aleatoria das populacoes objeto de estudo. Dessa forma os parametros populacionais estimados a partir desses dados tem embutido um grau de incerteza, pois as estimativas variam de acordo com a amostra selecionada. Esse grau de incerteza e expresso atraves da variancia da estimativa. Para comparar parametros de duas populacoes utilizando testes estatisticos e essencial a informacao sobre a variancia de estimativa. Para melhor entender a contribuicao dos testes estatisticos para a decisao sobre existencia de efeito de tratamentos, pode-se supor a seguinte situacao: insetos (ovos) de uma mesma populacao sao divididos em dois grupos e taxas intrinsecas de crescimento (RM) sao calculadas para cada grupo. Seguramente, os valores observados serao distintos, apesar de representarem estimativas de um mesmo parametro populacional. Assim, o simples fato de observarmos diferencas entre os valores de Rm estimados para dois grupos experimentais nao implica que haja efeito de tratamento sobre Rm. Como decidir entao se uma diferenca observada e indicativo ou nao de efeito de tratamento? A forma tradicional e postular a hipotese o tratamento nao afeta a taxa intrinseca de crescimento e buscar evidencias que a contrariem. O problema agora e estabelecer o que e uma evidencia suficiente para a rejeicao da hipotese postulada. Os testes estatisticos fornecem subsidios que auxiliam essa decisao baseados em probabilidades. Para o calculo dessas probabilidades e fundamental a informacao sobre a variancia da estimativa do Rm. A mesma afirmativa e valida para comparacao de outros parametros quaisquer, tais como longevidade media (Long), duracao media da fase imatura (Dfimat), numero medio de ovos postos por femea (No.ovos), periodo medio de pre-oviposicao (Preovip). Observe que os parametros avaliados podem ser classificados em dois tipos: 1) parametros cujas estimativas sao valores de observacoes individuais (Long, dfimat, No.ovos, Preovip) e 2) parametros-resumo (Ro, Rm, Mgt e ). Usualmente, nos experimentos para construcao de tabelas de vida, cada tratamento e aplicado a um grupo de insetos, sem replica de grupo (o inseto constitui a unidade experimental). Assim, informacao sobre a variancia de estimativas de parametros do primeiro tipo sao facilmente obtidas a partir da variabilidade dos valores observados nos insetos de um mesmo tratamento (variancia interna). O mesmo procedimento nao pode ser aplicado aos parametros do segundo tipo, para os quais nao existem valores observados para cada inseto. No primeiro caso, a estimativa da variancia interna e obtida atraves de analise de variancia (quadrado medio do residuo) e as medias dos tratamentos sao comparadas atraves de procedimentos de comparacoes multiplas (Testes de Tukey, Duncan, entre outros). Para estimar a variancia (da estimativa) do Rm Meyer et al. (1986) propuseram o uso das tecnicas computacionalmente intensivas "jackknife" e "bootstrap" que podem ser estendidas aos demais parametros-resumo. Em experimentos aleatorizados, existe a altenativa de uso de testes permutacionais (Manly, 1991). Apresentamos, atraves de exemplos, o uso dessas tecnicas para comparacao de parametros associados a tabelas de vida de fertilidade de predadores da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) alimentados com dieta sadia ou infectada com biopesticidas.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Author: MAIA, A. de H. N.
Other Authors: EMBRAPA-CNPMA.
Format: Parte de livro biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 1998-04-02
Subjects:Métodos estatísticos, Tabelas de vida de fertilidade, Inimigos naturais,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/12794
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!