Estudo da influência do tratamento químico nas propriedades da fibra de seringueira

O uso de recursos renováveis e o reaproveitamento de resíduos possuem grande interesse ambiental e econômico. A seringueira é uma espécie arbórea de grande relevância devido a sua produção de borracha natural, que apresenta diversas aplicações. No entanto, após 30- 35 anos de exploração a cadeia produtiva da heveicultura gera uma quantidade de madeira que pode ser aproveitada como fonte para a produção de novos materiais. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi determinar as condições adequadas para que a partir da fibra de seringueira, seja possível a obtenção de nanomateriais para produção de produtos estratégicos. A fibra in natura, após moagem em moinho de facas, foi mercerizada com solução aquosa de hidróxido de sódio 10% por 2h a 80 °C. Em seguida, as fibras foram branqueadas com uma solução composta por partes iguais (v/v) de tampão acetato e clorito de sódio aquoso (1,7%). Em seguida, as fibras foram branqueadas com uma solução de partes iguais (v/v) de NaOH 4% e H2O2 24% (v/v). Após os tratamentos químicos, as caracterizações foram feitas por: difração de raios X (DRX) com difratômetro Shimadzu 6000 com CuKa (l = 1,54 Å), à temperatura ambiente e com ângulo de 2q entre 5 e 40° (1° min-1); termogravimetria (TG) em atmosfera inerte, utilizando equipamento TA Instruments, modelo Q500 com razão de aquecimento de 10 °C min-1, da temperatura ambiente até 600 °C. A análise morfológica das fibras foi feita por microscopia eletrônica de varredura, em um equipamento JEOL, modelo JSM 6510, com tensão de aceleração de elétrons de 5 kV a uma distância de trabalho (WD) de 10 cm. A partir da análise das micrografias da fibra in natura, observou-se que as fibras se encontram unidas devido à lignina e a hemicelulose presentes, formando assim feixes fibrilares. Como os tratamentos químicos alteram a composição química das fibras, podem causar alterações estruturais na superfície. Após o tratamento alcalino e o branqueamento, foi possível visualizar os efeitos irreversíveis destas mudanças em relação à fibra in natura. Nas micrografias da fibra branqueada, observou-se a abertura dos feixes gerando uma maior área superficial e exposição da celulose. Os difratogramas de raios X mostraram que os picos principais correspondem aos planos cristalográficos da celulose Tipo I. O índice de cristalinidade, calculado pelo método proposto por Segal (1959), foi de 59,4% para fibra in natura, 65,9% para fibra mercerizada e 69,4% após o branqueamento. Analisando os termogramas para avaliar a estabilidade térmica das fibras, observou-se que o Tonset da fibra in natura foi de 287 °C, da mercerizada 290°C e da branqueada 272 °C. Houve alteração no pico máximo de degradação, na temperatura final do processo e na quantidade de resíduo após os tratamentos. Portanto, as fibras da seringueira apresentaram resultados promissores para o desenvolvimento de novos materiais, como nanofibras.

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Bibliographic Details
Main Authors: EVANGELISTA, N. C., SILVA, M. J., MARTINS, M. A.
Other Authors: MARIA ALICE MARTINS, CNPDIA.
Format: Anais e Proceedings de eventos biblioteca
Language:Portugues
pt_BR
Published: 2022-10-06
Subjects:Materiais, Tratamentos químicos,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1147177
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