Hidrossedimentologia e sua relação com atributos de solos e sedimentos em agroecossistemas do semiárido brasileiro.

O Nordeste do Brasil onde predomina o clima semiárido se caracteriza por ambientes de exploração intensiva dos recursos naturais como a exploração agrícola por pequenos produtores na forma de subsistência. Ações antropogênicas têm provocado limitações na exploração dos recursos naturais com consequentes perdas de solo e água e comprometimento da sustentabilidade ambiental das bacias hidrográficas. Neste sentido, é fundamental a compreensão dos processos hidrossedimentológicos, biológicos e bioquímicos na definição de estratégias para o melhor gerenciamento de pequenas bacias hidrográficas e na definição de planos de sustentabilidade dos agroecossistemas. Assim, teve-se como hipóteses: (1) ecossistemas naturais do semiárido apresentam poucas perdas de sedimentos e nutrientes em decorrência das chuvas, e tais sedimentos têm alta atividade microbiológica em relação aos solos de agroecossistemas tradicionais; (2) o estabelecimento de relações entre variáveis sedimentológicas, microbiológicas e bioquímicas é essencial para o entendimento e adoção de técnicas de manejo sustentável em agroecossistemas do semiárido; (3) a composição mineralógica e os atributos físicos dos sedimentos de arraste são determinados pela erosividade das chuvas sobre os solos dos agroecossistemas. Para testar tais previsões objetivou- se: (a) quantificar a produção e caracterizar química, física e mineralogicamente os sedimentos de arraste de diferentes agroecossistemas do semiárido; (b) avaliar alterações da atividade microbiológica, da biomassa microbiana e da atividade enzimática e quantificar a população de fungos micorrízicos arbusculares de sedimentos de arraste de diferentes agroecossistemas; (c) avaliar a granulometria dos sedimentos de arraste levando em consideração a erosividade das precipitações pluviométricas; (d) relacionar a qualidade dos solos e dos sedimentos de arraste com os processos de degradação, visando subsidiar o manejo mais sustentável de agroecossistemas. Foram considerados os agroecossistemas de quatro microbacias hidrográficas: (1) vegetação de mata raleada (MR), com a manutenção de espécies vegetais com diâmetro basal ? que 10 cm, e espécies de crescimento herbáceo; (2) vegetação nativa (MN), representando as condições naturais de pequenas bacias rurais do semiárido brasileiro; (3) agrossistema com capim Andropogon gayanus Kunt (PAST); (4) agroecossistema com prática usual da agricultura de subsistência (AGRS). As microbacias estavam instrumetadas com pluviômetro tipo ?Ville de Paris?, calha Parshall, coletores de sedimentos tipo armadilha (bed load), e pluviógrafo automático. Os resultados obtidos permitem concluir: (1) a maior erodibilidade dos Vertissolos (das áreas de mata e pastagem) em relação ao Luvissolo do sistema de agricultura de subsistência promove maior produção de sedimentos de arraste, independentemente da vegetação típica do semiárido e dos sistemas tradicionais, e do número de eventos que geraram escoamento superficial; (2) a biomassa, a atividade microbiana e a perda de esporos de fungos micorrízicos arbusculares em sedimentos de arraste apresenta sensibilidade às mudanças de uso da terra; (3) as frações de quartzo e feldspato permite identificar neste mineral maior diversidade nos sistemas com Vertissolos (MN, MR e PAST) em relação ao Luvissolo de AGRS, enquanto a identificação de esmectitas e vermiculita em argilas tratadas de sedimentos das matas (MR e MN) e pastagem (PAST) caracteriza a drenagem deficiente daqueles em relação a este sistema, cuja argila tratada revelou presença de caulinita com picos mais elevados; (4) o Ca++ e K+ em quantidade nos viii sedimentos de arraste constitue uma importante reserva mineral para sua exploração; (5) não se verifica uma relação direta entre a erosividade das chuvas (EI30) e a produção de areia e argila em sedimentos de arraste nos agroecossistemas de mata (MR e MN) e tradicionais (PAST e AGRS); (6) os agroecossistemas de mata (MR e MN) apresentam maiores teores de agregados estáveis (AE) em relação aos sistemas tradicionais (PAST e AGRS), favorecendo a qualidade biológica dos solos; (7) técnicas de manejo são de grande importância para o desenvolvimento de estratégias para a gestão de bacias hidrográficas e na definição de planos de sustentabilidade na região semiárida.

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Bibliographic Details
Main Author: FREITAS, M. A. S. R.
Other Authors: MÁRCIO ANTÔNIO SOUSA DA ROCHA FREITAS, Universidade Federal do Ceará - UFC.
Format: Teses biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2018-12-19
Subjects:Qualidade de sedimentos, Bioquímica de sedimentos de arraste, Agroecossistemas, Semiárido, Microbiologia, Microbiology, Agroecosystems,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1102039
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