Fisiologia da germinação in vitro, embriogênese somática e conservação ex situ de babaçu (Attalea speciosa Mart. ex Spreng).

O babaçu (Attalea speciosa Mart ex Spreng) é uma palmeira oleaginosa nativa do Brasil, fonte de diversas matérias-primas para as indústrias cosmética e alimentícia, de cujas amêndoas se extrai um óleo com amplas aplicações, inclusive para a produção de biodiesel, além de ser importante para as populações das regiões Norte e Nordeste. Os estudos básicos relativos à germinação, à regeneração e à conservação desta palmeira são essenciais para ajudar a compreender aspectos reprodutivos deste importante recurso genético. Este trabalho teve por objetivo estudar a germinação in vitro de Attalea speciosa, considerando os aspectos fisiológicos, morfo-anatômicos e bioquímicos, determinar um protocolo de embriogênese somática a partir de embriões zigóticos e determinar o comportamento de armazenamento das sementes, bem como as melhores condições de conservação ex situ. A biologia reprodutiva de babaçu foi investigada quanto aos aspectos fisiológicos, morfológicos, bioquímicos e metabólicos da germinação in vitro. O crescimento e desenvolvimento do cotilédone e da plântula foram avaliados durante 0, 7, 14, 21, 30, 45, 90 e 120 dias de cultivo in vitro. As massas fresca e seca e o comprimento das estruturas da plântula foram determinados ao longo do período de germinação. Verificou-se que a germinação ocorreu lentamente, com o crescimento contínuo do cotilédone até os 45 dias, período a partir do qual surgiram os catafilos e o eófilo, seguidos da raiz primária. A análise do perfil metabólico e dos ácidos graxos permitiu confirmar que proteínas e lipídios são as principais reservas utilizadas pelo cotilédone no início da germinação, quando são degradados, liberando aminoácidos, glicerol e ácidos graxos livres. Visando reproduzir vegetativamente a espécie, o primeiro protocolo para embriogênese somática foi desenvolvido, a partir de embriões zigóticos. O meio de cultivo de MS com sais e vitaminas foi utilizado como meio básico, acrescido de L-glutamina (0,5 g.L-1), L-cisteína (0,1 g.L-1) e sacarose (30 g.L-1) e de auxinas para indução de calos primários e embriogênicos. A concentração de 2,5 mg.L-1 de 2,4-D, em meio básico, sem adição de carvão ativado, permitiu a formação de embriões somáticos em 80% dos calos embriogênicos e levou à obtenção o maior número de embriões formados por calo, após seis meses de indução. Em meio sem auxina, os embriões somáticos obtidos foram diferenciados, maturados e convertidos em plantas completas ao final de 12 meses. A conservação de sementes de Attalea speciosa com 5% de umidade foi testada em quatro temperaturas (-196 °C, -20 °C, 6 °C e 25 °C) e quatro períodos de armazenamento (0, 90, 180 e 360 dias). Os testes de germinação pós-conservação foram realizados a partir do resgate e cultivo dos embriões zigóticos in vitro. Verificou-se uma queda significativa nas taxas de germinação nos materiais mantidos na temperatura de 25 °C após 360 dias. Os resultados obtidos com esse trabalho sugerem que, por tolerar dessecação abaixo de 5% e conservação a baixas temperaturas (-196 °C, -20 °C), situações nas quais não houve redução nas taxas de germinação, as sementes de Attalea speciosa apresentem um comportamento de armazenamento ortodoxo. Os resultados aqui apresentados são os primeiros dados de perfil metabólico relatados para o embrião durante a germinação de uma palmeira, além de ser o primeiro protocolo desenvolvido para embriogênese somática e determinação do comportamento de armazenamento e condições de conservação para Attalea speciosa.

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Bibliographic Details
Main Author: SALEH, E. O. L.
Other Authors: Emília Ordones Lemos Saleh.
Format: Teses biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2016-12-07
Subjects:Armazenamento de semente, Embrião zigótico, Embrião somático, Perfil metabólico., Arecaceae.,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1058205
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