Estudo dos sistemas produtivos da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Familiares Irituienses e o potencial de extratos de plantas medicinais no manejo de pragas doenças do maracujazeiro.

O presente trabalho teve como objetivo ampliar os conhecimentos sobre os sistemas produtivos, os aspectos sociais, econômicos e culturais dos filiados a Cooperativa Agropecuária dos Produtores Familiares Irituienses (Irituia-PA), avaliando-se o efeito de extratos alcoólicos das plantas medicinais cultivadas pelos agricultores sobre o crescimento in vitro de patógenos da cultura do maracujazeiro e na redução da severidade da bacteriose em casa de vegetação, bem como avaliar o potencial inseticida dos extratos sobre larvas de Tenebrio molitor L. 1758. Na pesquisa utilizaram-se entrevistas gravadas e guiadas por questionários previamente estruturados. Observou-se que a agricultura é a principal atividade econômica para os cooperados, a mão-de-obra é familiar e o sistema de produção é baseado em lavouras temporárias e perenes, piscicultura, criação de animais de pequeno porte, além do trabalho de recuperação e preservação da floresta nativa. As principais plantas medicinais cultivadas pelos agricultores são: alfavacão (Ocimum gratissimum L.), babosa (Aloe vera L.), boldo-do-reino (Plectranthus barbatus Andrews), capim-santo (Cymbopogon citratus (DC.). Stapf), cipó d?alho (Mansoa alliaceae Gentry), coramina (Pedilanthus tithymaloides Port), erva-cidreira (Lippia alba (Mill) N.E.Brown.), eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.), gengibre (Zingiber officinallis Rosc.), manjericão (Ocimum basilicum L.), mastruz (Chenopodium ambrosioides L.), nim (Azadirachta indica A. Juss), noni (Morinda citrifolia L.) e vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.). Para avaliar o efeito antifúngico sobre o crescimento micelial in vitro dos fungos Rhizoctonia solani, Fusarium oxysporum, Fusarium solani e Colletotrichum gloeosporioides isolados do maracujazeiro, os extratos alcóolicos foram incorporados ao meio de cultura (BDA) fundente, 55°C a 1%. Após a solidificação do meio de cultura nas placas, depositou-se um disco de micélio do fungo de aproximadamente 8 mm de diâmetro no centro de cada placa. A testemunha não recebeu os tratamentos. O crescimento micelial foi avaliado diariamente com auxilio de um paquímetro digital até que o fungo em um dos tratamentos atingisse as extremidades da placa. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 15 tratamentos e cinco repetições. Na avaliação do efeito antibacteriano sobre o crescimento de X. axonopodis pv. passiflorae, os extratos foram incorporados ao meio 523 na concentração de 1% a 55 ºC. Após a solidificação do meio, depositou-se 100 ?L da suspensão bacteriana, a qual foi espalhada com auxilio de uma alça de Drigalski. As placas foram incubadas por 48h a 28 ºC e o delineamento experimental foi o inteiramente casualizado. A avaliação foi realizada através da contagem das Unidades Formadoras de Colônia (UFC) nas placas. No ensaio in vivo, os extratos a 1% foram aplicados em plantas de maracujá com 2 a 3 pares de folhas verdadeiras três dias antes da inoculação do patógeno. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com 16 tratamentos e cinco repetições. A avaliação foi aos 2, 4, 6, 8, 10 e 12 dias após a inoculação, o oxicloreto de cobre foi utilizado como tratamento controle. Em ambos os ensaios os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e a comparação das médias foi realizada pelo teste Scott & Knott (1974) utilizando-se o programa estatístico SISVAR. Foi constatado que todos os extratos apresentaram potencial antifúngico sendo que, o extrato de eucalipto reduziu o crescimento micelial de todos os fungos estudados com resultados entre 21,06 a 51,73%. Enquanto que, os extratos de erva-cidreira, eucalipto, cipó d?alho, mastruz, nim, babosa e vinagreira inibiram o crescimento de X. axonopodis pv. passiflorae entre 15,35 a 30,3%. Em casa de vegetação os extratos de boldo -do-reino, coramina, gengibre, nim, eucalipto e oxicloreto de cobre promoveram redução da severidade da mancha bacteriana entre 27,24 e 53,86%. Na avaliação do potencial inseticida utilizaramse dois métodos, o de contato e de aplicação tópica sobre larvas d e Tenebrio molitor. No efeito por contato em superfície contaminada, discos de papel de filtro foram impregnados com 700 µl dos extratos brutos e para a via de aplicação tópica utilizou-se 3 µl do extrato aplicado sobre cada larva. As quais foram mantidas em câmara do tipo B.O.D., a 25 ± 2 o C, umidade relativa de 70% e fotoperíodo de 12 horas. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com 18 tratamentos e quatro repetições avaliadas diariamente . Após 10 dias constatou-se que em superfície contaminada os extratos não apresentaram propriedade inseticida. Porém, quando aplicados topicamente todos os extratos promoveram mortalidade entre 50 e 100%, demonstrando potencial biocida contra larvas T. molitor em laboratório. Concluiu-se que, a Cooperativa D? Irituia exerce papel importante no desenvolvimento econômico, social e cultural dos agricultores. O processo de adoção das práticas agroecológicas esta ocorrendo de forma gradual. Com base nos resultados obtidos pode-se inferir que os extratos das plantas medicinais estudadas nesta pesquisa, além do potencial inseticida as mesmas possuem substâncias potencialmente promissoras que podem ser utilizadas como controle alternativo no manejo de doenças bacterianas e fúngicas em maracujazeiros.

Saved in:
Bibliographic Details
Main Author: SILVA, C. T. B. da
Other Authors: CLENILDA TOLENTINO B DA SILVA, CPATU.
Format: Teses biblioteca
Language:pt_BR
por
Published: 2016-01-05
Subjects:Controle, Aspectos econômicos, Irituia., Agricultura Familiar, Doença, Maracujá, Planta Medicinal, Praga.,
Online Access:http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1032962
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!