Toxicidade pulmonar induzida pela rapamicina

As doenças pulmonares induzidas por fármacos constituem uma causa crescente de morbilidade, tendo sido descritas diferentes formas de toxicidade associadas a inúmeras substâncias. O sirolimus (rapamicina) é um fármaco imunossupressor usado de forma crescente no contexto do transplante de órgãos sólidos, nomeadamente no transplante renal. A toxicidade pulmonar tem sido descrita como um dos potenciais efeitos laterais, nomeadamente causando formas de pneumonite intersticial ou, mais raramente, hemorragia alveolar. Os autores descrevem os casos de quatro doentes (3 do sexo masculino, 1 do sexo feminino) com idades compreendidas entre os 46-71 anos, recipientes de transplante renal (rim cadáver) há 3 anos (1 doente) e 7 anos (3 doentes). A imunosupressão consistia em micofenolato mofetil, prednisolona e rapamicina. Os quatro doentes foram admitidos por febre, tosse produtiva (2) e dispneia (3). Apresentavam imagem radiológica de infiltrados pulmonares bilaterais de predomínio basal. O LBA mostrou alveolite linfocítica em 3 doentes, tendo-se observado no entanto diferentes relações CD4/CD8., para além de neutrofilia em 2 deles. No restante doente, observou-se hemorragia alveolar grave. Não houve em nenhum dos casos qualquer isolamento de micro organismos patogénicos no LBA. As queixas apresentadas, bem como as alterações radiológicas regrediram com a suspensão do fármaco. Estes quatro casos revelaram alguma variedade, quer na apresentação clínica, quer nos achados dos exames subsidiários efectuados, nomeadamente no LBA. Este facto pode ter como causa diferentes mecanismos fisiopatológicos a nível do pulmão induzidos pelo sirolimus.

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Bibliographic Details
Main Authors: Damas,C, Oliveira,A, Morais,A
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Sociedade Portuguesa de Pneumologia 2006
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-21592006000600006
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Summary:As doenças pulmonares induzidas por fármacos constituem uma causa crescente de morbilidade, tendo sido descritas diferentes formas de toxicidade associadas a inúmeras substâncias. O sirolimus (rapamicina) é um fármaco imunossupressor usado de forma crescente no contexto do transplante de órgãos sólidos, nomeadamente no transplante renal. A toxicidade pulmonar tem sido descrita como um dos potenciais efeitos laterais, nomeadamente causando formas de pneumonite intersticial ou, mais raramente, hemorragia alveolar. Os autores descrevem os casos de quatro doentes (3 do sexo masculino, 1 do sexo feminino) com idades compreendidas entre os 46-71 anos, recipientes de transplante renal (rim cadáver) há 3 anos (1 doente) e 7 anos (3 doentes). A imunosupressão consistia em micofenolato mofetil, prednisolona e rapamicina. Os quatro doentes foram admitidos por febre, tosse produtiva (2) e dispneia (3). Apresentavam imagem radiológica de infiltrados pulmonares bilaterais de predomínio basal. O LBA mostrou alveolite linfocítica em 3 doentes, tendo-se observado no entanto diferentes relações CD4/CD8., para além de neutrofilia em 2 deles. No restante doente, observou-se hemorragia alveolar grave. Não houve em nenhum dos casos qualquer isolamento de micro organismos patogénicos no LBA. As queixas apresentadas, bem como as alterações radiológicas regrediram com a suspensão do fármaco. Estes quatro casos revelaram alguma variedade, quer na apresentação clínica, quer nos achados dos exames subsidiários efectuados, nomeadamente no LBA. Este facto pode ter como causa diferentes mecanismos fisiopatológicos a nível do pulmão induzidos pelo sirolimus.