" Bem me queres, mal me queres": ambivalência discursiva na avaliação canônica do desempenho da ONU
Neste ensaio, questionamos a avaliação - que, argumentamos, é canônica nas Relações Internacionais - do desempenho da Organização das Nações Unidas (ONU). A referida organização, desde a origem, tem sido simultaneamente considerada "cronicamente ineficiente" e "exemplarmente eficaz". Para demonstrá-lo, lançamos mão de dois conjuntos de "episteme": o primeiro, manifesto em artigos publicados desde a fundação da ONU, em 1945, aborda sistematicamente uma suposta "crise" da entidade; o segundo, relativo à atribuição reiterada do prêmio Nobel da Paz à ONU, ao longo de seis décadas, por suas alegadas contribuições à promoção da paz e segurança internacionais. Essa avaliação bipolar da atuação da ONU reproduz, a nosso ver, um padrão de análise sobre as organizações internacionais que é comum, de resto, à disciplina acadêmica das Relações Internacionais. A ONU é louvada e lamentada com os olhos voltados para aquela que é a fórmula institucional da política moderna por excelência: o Estado nacional soberano. Julgamos, como conclusão, que avaliar a ONU de 2009 com os olhos de 1945 constitui perigosa impropriedade. O próprio conceito-padrão de Estado requer, hoje, uma redefinição de termos - a fim de que possa absorver as mudanças sociais e históricas havidas com o passar dos anos. O desafio, portanto, é oferecer perspectivas para um novo enquadramento teórico da Organização das Nações Unidas - que, idealmente, esteja isento dos efeitos colaterais desencadeados pelo que aqui chamamos de "estadismo metodológico".
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Formato: | Digital revista |
Idioma: | Portuguese |
Publicado: |
Universidade Federal do Paraná
2009
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Acceso en línea: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782009000200012 |
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oai:scielo:S0104-447820090002000122009-08-19" Bem me queres, mal me queres": ambivalência discursiva na avaliação canônica do desempenho da ONUGama,Carlos FredericoLopes,Dawisson Belém Organização das Nações Unidas Relações Internacionais Estado moderno Prêmio Nobel da Paz crise da ONU Neste ensaio, questionamos a avaliação - que, argumentamos, é canônica nas Relações Internacionais - do desempenho da Organização das Nações Unidas (ONU). A referida organização, desde a origem, tem sido simultaneamente considerada "cronicamente ineficiente" e "exemplarmente eficaz". Para demonstrá-lo, lançamos mão de dois conjuntos de "episteme": o primeiro, manifesto em artigos publicados desde a fundação da ONU, em 1945, aborda sistematicamente uma suposta "crise" da entidade; o segundo, relativo à atribuição reiterada do prêmio Nobel da Paz à ONU, ao longo de seis décadas, por suas alegadas contribuições à promoção da paz e segurança internacionais. Essa avaliação bipolar da atuação da ONU reproduz, a nosso ver, um padrão de análise sobre as organizações internacionais que é comum, de resto, à disciplina acadêmica das Relações Internacionais. A ONU é louvada e lamentada com os olhos voltados para aquela que é a fórmula institucional da política moderna por excelência: o Estado nacional soberano. Julgamos, como conclusão, que avaliar a ONU de 2009 com os olhos de 1945 constitui perigosa impropriedade. O próprio conceito-padrão de Estado requer, hoje, uma redefinição de termos - a fim de que possa absorver as mudanças sociais e históricas havidas com o passar dos anos. O desafio, portanto, é oferecer perspectivas para um novo enquadramento teórico da Organização das Nações Unidas - que, idealmente, esteja isento dos efeitos colaterais desencadeados pelo que aqui chamamos de "estadismo metodológico".info:eu-repo/semantics/openAccessUniversidade Federal do ParanáRevista de Sociologia e Política v.17 n.33 20092009-06-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782009000200012pt10.1590/S0104-44782009000200012 |
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