Adubação do algodoeiro: V - Ensaios com azôto, fósforo e potássio, em "campos de cooperação"

Neste artigo são apresentados os resultados obtidos em 71 ensaios de adubação do algodoeiro, conduzidos nos anos agrícolas de 1935-36 a 1941-42, em fazendas particulares ("campos de cooperação") localizadas em 34 municípios, compreendendo os principais tipos de solo do Planalto Paulista. Esses ensaios permitem comparar: a) o efeito de doses crescentes de azôto, fósforo ou potássio, sendo cada um desses nutrientes estudado na presença das doses maiores dos outros dois; b) o efeito do fósforo na ausência ou presença de azôto mais potássio, o do azôto na ausência ou presença do potássio (fósforo sempre presente) e o do potássio na ausência ou presença do azôto (fósforo sempre presente), e c) o efeito de três formas de fósforo (superfosfato, Renânia-fosfato e farinha de ossos degelatinados) na presença das doses maiores de azôto e potássio. De fósforo usaram-se sempre 40 e 80 kg/ha de P2O5; de azôto, 15 e 30 kg/ha de N até 1939-40 e 7,5 e 15 kg/ha em 1940-41 e 1941-42; de potássio, 40 e 80 kg/ha de K2O até 1939-40 e 25 e 50 kg/ha nos dois últimos anos. O azôto e o potássio foram sempre empregados nas formas de salitre do Chile e cloreto de potássio. Quanto ao fósforo, para estudar os efeitos citados em a e b se usou Renânia-fosfato em 1937-38 e 1938-39 e superfosfato nos outros anos; para o citado em c, as formas já mencionadas. Êsses adubos foram sempre aplicados conforme o método arraigado em nosso meio, nos sulcos de plantio, ao ser êste efetuado. O nutriente que regulou a produção foi, em regra, o fósforo. Os aumentos que êle provocou foram geralmente consideráveis, de modo que, a despeito de vários resultados nulos ou negativos, seu efeito médio foi satisfatório; contudo, o da dose maior foi pouco superior ao da menor. O superfosfato se mostrou superior à farinha de ossos e ao Renânia-fosfato, que deram praticamente o mesmo resultado. As respostas ao azôto e ao potássio, conquanto satisfatórias em cerca de um terço dos ensaios, foram nulas ou negativas na maioria deles, e suas doses maiores deram, em regra, resultados inferiores aos das menores. O efeito do fósforo foi praticamente o mesmo quando empregado sozinho ou na presença de azôto mais potássio; o do azôto, muito maior na ausência que na presença do potássio; o deste nutriente, muito maior na ausência que na presença do azôto. Muitos dos solos estudados estavam bem providos de azôto e potássio; por outro lado o uso de espaçamentos execessivamente largos deve ter diminuído a necessidade de adubações azotadas e potássicos. A aplicação do salitre por ocasião do plantio, e seu conseqüente arrastamento antes de as plantas o terem podido aproveitar, também deve ter influído para que, em muitos casos, o azôto não tenha obtido resposta satisfatória. Sem dúvida esses fatores concorreram para diminuir o efeito do azôto e do potássio, mas não justificam que, empregados em doses moderadas, eles tenham deprimido tão freqüentemente a produção. Em grande número de ensaios, tanto o azôto como o potássio e mesmo o fósforo (especialmente quando usado na forma de Renânia-fosfato) reduziram apreciàvelmente o "stand", e tais reduções foram mais intensas e freqüentes quando se empregaram as doses maiores do mesmo nutriente ou quando a um deles se adicionou outro. Essa foi a causa principal das depressões na produção e do incomum comportamento dos nutrientes na presença uns dos outros. As reduções no "stand" são atribuídas à excessiva concentração de sais no pequeno volume de terra que envolve as sementes, em conseqüência da aplicação dos adubos nos sulcos de plantio. Daí a conclusão de que, para poder avaliar com segurança o efeito dos adubos, estes devem ser aplicados por método mais eficiente que o arraigado em nosso meio.

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Bibliographic Details
Main Authors: Schmidt,W., Neves,O. S., Freire,E. S.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto Agronômico de Campinas 1958
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87051958000100027
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