Adubação do algodoeiro: II - Ensaios com tortas de mamona e algodão

No presente artigo são apresentados os resultados de 37 ensaios - seis dos quais repetidos por dois ou mais anos consecutivos nos mesmos canteiros - realizados com o objetivo de estudar-se o efeito fertilizante das tortas de mamona e de algodão na cultura do algodoeiro. Nesses ensaios, efetuados entre 1937 e 1945 e distribuídos em onze diferentes localidades, abrangendo os principais tipos de solo do Planalto Paulista, foram comparadas doses crescentes de torta de algodão, formas de adubos azotados (torta de mamona, salitre do Chile, sulfato de amónio, Calnitro IG, Urecal IG etc.) e maneiras de se aplicar a torta de algodão. Aplicadas pelo método usual - nos sulcos destinados às sementes, no momento do plantio - somente em poucos casos as tortas de mamona ou algodão aumentaram satisfatoriamente a produção; em regra seu efeito foi medíocre e, em vários casos, foi nulo ou francamente negativo. Assim aconteceu tanto na ausência como na presença de adubos fosfatados e potássicos. Doses de 600 e 800 kg/ha de torta de algodão geralmente não deram melhor resultado que a de 400 kg/ha. A torta de mamona se mostrou inferior aos adubos azotados solúveis. Deve-se isso ao sério prejuízo que as tortas causaram ao "stand" e à pequena eficácia do replantio das falhas verificadas. A responsabilidade pelos danos no "stand" coube ao método de aplicação usado nos ensaios. A presença de fósforo mais potássio (provavelmente devido ao sulfato de cálcio contido no superfosfato) atenuou esses danos, mas não foi suficiente para reduzi-los a proporções desprezíveis. Aplicadas nos próprios sulcos destinados às sementes, mas cerca de um mês antes do plantio, as tortas não prejudicaram a germinação. A aplicação, no momento do plantio, em sulco aberto 10 cm ao lado do destinado às sementes, mostrou-se, quanto à germinação, ligeiramente inferior ao emprêgo antecipado. Condições desfavoráveis ao aproveitamento dos adubos nos ensaios em que os dois últimos métodos foram estudados não permitiram tirar conclusões definitivas sôbre o mais eficiente para a produção. Entretanto, tendo-se em vista inconvenientes que se opõem à aplicação antecipada, e, por outro lado, fatôres que militam a favor da aplicação lateral, parece que esta é a mais apropriada para se conseguir das tortas - e de vários outros adubos - muito melhores resultados que os obtidos pelo método usual. Sugere-se, por isso, que se continui a experimentá-la com as modificações apresentadas.

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Bibliographic Details
Main Authors: Neves,O. S., Freire,E. S.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Instituto Agronômico de Campinas 1957
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87051957000100012
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spelling oai:scielo:S0006-870519570001000122010-05-10Adubação do algodoeiro: II - Ensaios com tortas de mamona e algodãoNeves,O. S.Freire,E. S.No presente artigo são apresentados os resultados de 37 ensaios - seis dos quais repetidos por dois ou mais anos consecutivos nos mesmos canteiros - realizados com o objetivo de estudar-se o efeito fertilizante das tortas de mamona e de algodão na cultura do algodoeiro. Nesses ensaios, efetuados entre 1937 e 1945 e distribuídos em onze diferentes localidades, abrangendo os principais tipos de solo do Planalto Paulista, foram comparadas doses crescentes de torta de algodão, formas de adubos azotados (torta de mamona, salitre do Chile, sulfato de amónio, Calnitro IG, Urecal IG etc.) e maneiras de se aplicar a torta de algodão. Aplicadas pelo método usual - nos sulcos destinados às sementes, no momento do plantio - somente em poucos casos as tortas de mamona ou algodão aumentaram satisfatoriamente a produção; em regra seu efeito foi medíocre e, em vários casos, foi nulo ou francamente negativo. Assim aconteceu tanto na ausência como na presença de adubos fosfatados e potássicos. Doses de 600 e 800 kg/ha de torta de algodão geralmente não deram melhor resultado que a de 400 kg/ha. A torta de mamona se mostrou inferior aos adubos azotados solúveis. Deve-se isso ao sério prejuízo que as tortas causaram ao "stand" e à pequena eficácia do replantio das falhas verificadas. A responsabilidade pelos danos no "stand" coube ao método de aplicação usado nos ensaios. A presença de fósforo mais potássio (provavelmente devido ao sulfato de cálcio contido no superfosfato) atenuou esses danos, mas não foi suficiente para reduzi-los a proporções desprezíveis. Aplicadas nos próprios sulcos destinados às sementes, mas cerca de um mês antes do plantio, as tortas não prejudicaram a germinação. A aplicação, no momento do plantio, em sulco aberto 10 cm ao lado do destinado às sementes, mostrou-se, quanto à germinação, ligeiramente inferior ao emprêgo antecipado. Condições desfavoráveis ao aproveitamento dos adubos nos ensaios em que os dois últimos métodos foram estudados não permitiram tirar conclusões definitivas sôbre o mais eficiente para a produção. Entretanto, tendo-se em vista inconvenientes que se opõem à aplicação antecipada, e, por outro lado, fatôres que militam a favor da aplicação lateral, parece que esta é a mais apropriada para se conseguir das tortas - e de vários outros adubos - muito melhores resultados que os obtidos pelo método usual. Sugere-se, por isso, que se continui a experimentá-la com as modificações apresentadas.info:eu-repo/semantics/openAccessInstituto Agronômico de CampinasBragantia v.16 n.unico 19571957-01-01info:eu-repo/semantics/articletext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87051957000100012pt10.1590/S0006-87051957000100012
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