Síndromes do núcleo rubro. A propósito de três casos com etiologia sifilítica, um dos quais associado a mioclonias velofaringolaríngeas

Registrando três casos de síndromes do núcleo rubro — dois de síndrome superior e um de síndrome inferior, tipo Claude — os autores revêem a anátomo-fisiologia dessa formação mesencefálica. Ressaltam particularmente as alterações do tono verificadas pela lesão experimental do núcleo vermelho. A destruição da porção parvicelular, superior (neorrubro) determina o aparecimento de hipotonia, por liberação da atividade inibidora do tono da porção magnocelular, inferior ( paleorrubro ) ; a lesão desta última provoca hipertonia, devido à liberação dos núcleos tonígenos romben cefálicos. Os autores, no sentido de correlacionar os fatos experimentais e anátomo-clínicos, lembram o conceito de De Giacomo sôbre a topografia das lesões nas síndromes rúbricas: na de Benedikt, o processo patológico se situaria no paleorrubro, enquanto que, na de Claude e na superior, o neorrubro seria a porção afetada.Os autores discutem também o problema das hipercinesias, destacando o caráter intencional das mesmas; lembram a existência de conexões rubrocorticais recíprocas, diretas e indiretas, e ressaltam o fato de que o núcleo de Stilling é uma estação obrigatória do circuito ideado por Bucy para explicar a fisiopatologia do tremor intencional. Os autores assinalam a raridade das síndromes rúbricas, das quais encontraram o registro de 5 casos na literatura brasileira, sendo que 4 se referemà síndrome de Benedikt. Comentando seus casos, os autores salientam os seguintes pontos: a) a etiologia luética das lesões, em um caso do tipo mesenquimal e, em dois. do tipo parenquimatoso; b) a existência de acentuada hipotonia em dois casos e de normalidade do tono no outro; c) a normalidade do eletrencefalograma em um caso de síndrome superior do núcleo rubro e em um caso de síndrome de Claude; d) a desarmonia das reações vestibulares observada em um dos casos; e) a existência de distúrbios da regulação térmica no caso 2, interpretados como decorrentes da lesão associada do tracto mamilotegmental central e/ou do fascículo longitudinal dorsal; f) a associação, em um caso de síndrome rúbrica superior, de mioclonias velofaringolaríngeas, conseqüência provável de lesão do tracto tegmental central ou da origem de seu contingente rubrolivar.

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Bibliographic Details
Main Authors: Tolosa,Adherbal, Canelas,Horacio M.
Format: Digital revista
Language:Portuguese
Published: Academia Brasileira de Neurologia - ABNEURO 1950
Online Access:http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1950000300002
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